É com grande prazer que lanço uma nova secção do blog: Entrevistas com fotógrafos. A estreia fica a cargo de Nuno Lobito, fotojornalista e fotógrafo de viagens. Esta é a primeira de uma série de entrevistas, que espero achem úteis e informativas.
Como começaste no mundo da fotografia?
Comecei pelo mundo da fotografia porque tinha uma grande necessidade de espalhar informação sobre aquilo que me parecem injustiças no mundo, não só de hoje, mas no mundo de há 30 a 40 anos atrás. Quando comecei, percebi que havia muitas injustiças, e nada melhor que usar a poderosa ferramenta que é a máquina fotográfica, e fotograficamente conseguir mostrar ao mundo uma realidade que ele por vezes não está preparado para ver.
Pensas que é preciso ter formação formal em fotografia?
Sim. Eu acho que é importante dominar a técnica. Sem dominar a técnica fotográfica jamais conseguiremos ser bons fotógrafos. Isto porque por vezes queremos fazer bons cliques, mas torna-se difícil porque não dominamos a nossa máquina. Enquanto não a dominarmos a nível técnico, será difícil termos boas fotografias.
Quais os principais obstáculos que enfrentaste ao longo da tua carreira?
Eu enfrentei, enfrento, e enfrentarei, porque um fotógrafo tem sempre grandes dificuldades. Isto porque existem sete, oito revistas no máximo na minha área. Então torna-se dificil, com a concorrência que cada vez é mais feroz.
Depois de ter saído do ArCo em 1983, tive durante cerca de 10 anos grande dificuldade em vender trabalho, e até de me assumir no mercado.
Quais são os ingredientes para ter sucesso como fotógrafo?
Para ter sucesso como fotógrafo é preciso gostar muito de fotografia. É preciso conseguir entender o que o mercado quer. É preciso estar constantemente a fotografar. É preciso também perceber do que as revistas gostam. Ou seja, é um caminho longo. Para ter sucesso em alguma coisa, é preciso dar o máximo. Por isso eu digo sempre: Nós somos aquilo em que acreditamos. E essa é uma das frases que eu relembro para mim mesmo, para conseguir ter sucesso.
Onde encontras inspiração?
Encontrei a inspiração ao fazer aquilo que gosto. Quando gostamos realmente de alguma coisa, inspiramo-nos em nós pelo nosso gosto, para ao mesmo tempo podermos aplicar uma grande dose de felicidade. Para mim fotografar é felicidade.
Que fotógrafos consideras como referência no teu trabalho?
O meu trabalho é um bocadinho de todos. Há um bocadinho de Henri Cartier Bresson, um bocadinho de Robert Capa, um bocadinho de Sebastião Salgado. Enquadramentos, situações fortes, e ao mesmo tempo também pessoas.
Fazes pós-produção das tuas imagens? Consideras que há limites?
Considero que devemos trabalhar sempre as nossas imagens um mínimo, mas nada de HDRs porque isso já é um bocadinho demais a nível fotográfico. Devemos dar um toque nas nossas fotografias, nas nada de especial.
Que conselhos darias a alguém que se está a iniciar na profissão de fotógrafo?
Que não desista, que tenha força, e que acredite. Porque basicamente o que acontece quando levam um não, dois nãos, três nãos, as pessoas a partir daí desistem. Portanto continuem fortes, inspirem-se em fotógrafos de que gostem, mas não desistam, porque a fotografia precisa de vocês.
Nuno Lobito é um aventureiro, especializado em fotojornalismo e fotografia de viagem. Em 11/11/11 atingiu um grande marco na sua vida, ao ter visitado e fotografado todos os países do Mundo. Já fez vários programas de TV, partilhando a sua experiência e imagens. Dá aulas em várias escolas. Tem vários livros publicados, o último dos quais “O Mundo aos meus Olhos”. Este livro visita mais de 100 países em 150 imagens.
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