Como começaste no mundo da fotografia?
Estudei fotografia no liceu, com 14 ou 15 anos, mas depois optei por estudar física. Foi através do montanhismo que voltei à fotografia. Comecei a escalar na América, Europa e no Sul de França., lugar este onde decidi começar a fotografar estes atletas. Foi o início da minha carreira.
Não necessariamente. Há muitos profissionais, excelentes fotógrafos, que são autodidactas. Precisas de algum treino para perceber como a máquina funciona. Apesar de hoje em dia com o digital, se o objectivo é produzir imagens sofisticadas, penso que é necessário algum treino em pós-produção com o Lightroom, Aperture, ou outro software. Penso que é muito importante.
De que forma é que a escalada afecta o modo de trabalhar?
Obviamente, para o fazeres, tens de saber como. Mas também é útil noutros tipos de fotografia. A mim ajuda-me a colocar em posições que outros fotógrafos não conseguiriam. Consigo posicionar-me por cima da pessoa que está a ser fotografada ou, se possível, trepar uma árvore. Em resumo, sentir-me confortável num ambiente diferente, para conseguir ângulos diversos.
Quais os principais obstáculos que enfrentaste ao longo da tua carreira?
Bem, logo ao entrar no mercado, conseguir-se ter uma imagem publicada é muito difícil. Penso que agora não é diferente em relação a quando comecei, há 16 anos. É muito difícil conseguir que um cliente licencie uma imagem, e publicá-la numa revista ou em publicidade. É o maior obstáculo para os fotógrafos.
Em geral, é necessário uma grande persistência e resiliência. Não podes levar a rejeição a peito. Precisas de ter uma grande paixão, motivação e experimentar muito, para poderes criar cada vez melhores imagens.
O que te passa pela cabeça quando estás numa situação fisicamente perigosa e tens de fazer uma foto?É uma boa pergunta. Penso que desportos, como escalada ou surf, são dos mais perigosos. Na verdade só se estiver numa situação em que me sinta confortável é que arrisco um pouco mais. Tem a ver com as tuas capacidades. Houve situações em que o meu cabo se partiu, e outros incidentes perigosos, mas é muito raro. Não penso no perigo, estou apenas concentrado nas imagens. Se pensar no perigo, provavelmente não conseguirei as fotos.
Em muitas coisas. Cresci ligado à arte, por isso muita da minha inspiração vem de pintores como Salvador Dalí, Picasso ou van Gogh, artistas de gerações passadas. Fui inspirado por fotógrafos de escalada, tais como Greg Epperson, e Galen Rowell, e também Ansel Adams. Há um grande número de fotógrafos para cujo trabalho eu olho, tais como Joe McNally e Dan Winters. São pessoas que fotografam em géneros totalmente diferentes do meu. Os filmes de Hollywood também me inspiram.
Consideras que há limites na pós-produção?
Na realidade, não sei se há limites. Pessoalmente, tento não tirar nem acrescentar nada às imagens. Por vezes retiro uma árvore que ficou a mais na fotografia, mas em geral tento manter a imagem como a vi. De vez em quando, converto uma imagem a preto e branco, ou mudo-lhe ligeiramente a cor.
O teu trabalho levou-te a muitos locais por todo o mundo. Há um Top 3 dos melhores?
Sim. A Patagónia na Argentina é provavelmente um dos meus locais favoritos. É lindo mas muito difícil de lá estar porque o clima é muito agreste. Há bons locais para escalada e trekking, bem como outros desportos óptimos para fotografar.
Tahiti, para surf. Teahupoo tem das ondas mais belas do mundo.
Em terceiro, um sítio chamado Bugaboos, no Canadá. É um local onde há escarpas de mais de 900 metros, em glaciares.
Que conselhos darias a alguém que se está a iniciar na profissão de fotógrafo?
O melhor conselho não tem a ver com a fotografia, mas com um aspecto de negócio, e que é manter os custos fixos o mais baixos possível. Isto quer dizer, não comprar aquela televisão especial, por exemplo. Vivam de forma barata, para que possam investir na vossa carreira, ou pelo menos poupar dinheiro para que possam viajar e fotografar. Este foi o melhor conselho que recebi. Permitiu-me viajar para muitos sítios que de outra forma não poderia, se tivesse comprado uma TV ou móveis ou algo parecido.
Michael Clark é um fotógrafo internacional, especializado em fotografia de desporto, viagem e paisagem. Trabalha com algumas das maiores marcas mundiais. http://www.michaelclarkphoto.com/
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