Continuando a série de entrevistas que tenho vindo a fazer, aqui fica a opinião do fotógrafo de moda Frederico Martins sobre o seu trabalho e sobre a fotografia. É um dos fotógrafos portugueses de mais sucesso, tendo publicado em várias revistas internacionais.
Como começaste no mundo da fotografia?
Comecei como toda a gente, a fotografar o pôr-do-sol, as flores e as abelhas, e a fotografar bodyboard que é ainda hoje uma das minhas paixões. Na altura o meu pai tinha em casa uma Pentax auto110 que tinha montes de lentes e acessórios e dava para brincar e experimentar muito. Rapidamente mudei para uma Olimpus om40. A partir daí nunca mais parei. A minha primeira Nikon foi uma F70 em 98, mas também rapidamente juntei dinheiro, trabalhando na brisa e consegui comprar uma F90X.
Pensas que é preciso ter formação formal em fotografia?
Não. Como em qualquer área artistica, aprende-se fazendo, e eu fiz muito. Sou da geração da pelicula, fotografei milhares e milhares de rolos, hoje conhecem-me mais pelo meu trabalho na moda mas eu já sou profissional de fotografia desde 98, tinha 18 anos.
Quais os principais obstáculos que enfrentaste ao longo da tua carreira?
A barreira que é feita aos fotógrafos do norte. É muito mais difícil para nós conseguir impor o nosso trabalho na capital. Hoje essa barreira acabou por desaparecer mas não foi fácil no inicio
Quais são os ingredientes para ter sucesso como fotógrafo, em particular no mercado Português?
É uma boa pergunta. Eu acho que acima de tudo é conseguires “vender-te” bem. Em Portugal não se valoriza muito a qualidade e a excelência e por isso esses atributos acabam por não ser essenciais como são noutros mercados. Não é difícil conseguir algum sucesso em Portugal, o nível não é muito alto e é fácil conseguir alguma notoriedade.
Além disso, uma boa capacidade de comunicação/comercial, qualidade criativa/técnica, e noção do seu lugar no mercado!
Onde encontras inspiração?
Em todo o lado, mas a arquitectura tem uma grande influência no meu trabalho!
Que fotógrafos consideras como referência no teu trabalho?
Tenho vários que admiro e que são referências para mim, mas os clássicos acabam por me marcar mais, Demarchelier, Avedon, Simms, Sief. Dos mais recentes, o Mert e Marcus, o Kadel e o Sebastian Kim. Mas neste momento o que mais gosto mesmo é o Txema Yest.
Fazes tu mesmo a pós-produção das tuas imagens?
Fiz durante muito tempo. Agora tenho a trabalhar comigo um dos melhores do país, o José Paulo Reis. Trabalhamos em conjunto e tudo é feito sob a minha direcção, mas claro com a excelência do trabalho do José!
Acho que não há limites, é uma questão de gosto! Eu pessoalmente gosto de ter as imagens no momento em que as fotografo, o photoshop é apenas um complemento e não a ferramenta principal.
Que conselhos darias a alguém que se está a iniciar na profissão de fotógrafo?
Que primeiro aprenda a fotografar e que perceba exactamente o que está a fazer. A falta de capacidade técnica é algo que me aflige e vê-se demasiadas asneiras por aí, especialmente no Facebook!
Quero acrescentar, a titulo de conselho, que a fotografia é algo que exige muito trabalho e exercício, e por isso não é um curso ou algo do género que nos leva a sermos melhores. Neste caso “o caminho faz-se caminhando”.
Frederico Martins é um fotógrafo de moda Português, com base em Londres e no Porto. O seu trabalho pode ser visto em revistas como a Vogue accessory Italy, Vogue Portugal, Elle Portugal, Elle Indonesia, Maxim USA, Maxima, Bello Mag, GQ Portugal e muitas outras.
Tem uma parceria com a PhaseOne, e dará brevemente um workshop em Barcelona para a marca.
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