A.B Watson vive e trabalha na Nova Zelândia. Fotografa desde os 16 anos de idade e foi apelidado de “O Fotógrafo Zen”. Conversei com ele para saber como surgiu esse nome, e sobre outros aspectos do seu trabalho tais como ser ou não assistente de fotografia, inspiração, estilo pessoal e limites.
Como começou na fotografia?
Comecei na câmara escura, no 12º ano da escola, usando a câmara da família: uma Canon AE-1 com uma lente 50mm f1.8, se não estou em erro. No momento em que vi uma fotografia aparecer-me diante dos olhos no tabuleiro do revelador na câmara escura, foi como magia sob uma luz vermelha. Fiquei fascinado, e desde esse momento a fotografia faz parte da minha vida.
É importante começar como assistente, antes de nos aventurarmos a solo?
Todos temos a nossa forma própria de aprender. Eu aprendo com as “mãos na massa”, experimentando, vendo, fazendo. Se é a tua forma de aprender, então recomendo que sejas assistente de outro fotógrafo. Por outro lado, depende totalmente de onde queres chegar com a tua fotografia. Artística? Comercial? Projectos pessoais? Saber como a indústria funciona tem um valor incalculável, e ao assistires é uma forma rápida de o aprenderes. Mas repito, se o que te interessa é a exploração interior e expressares-te pelo teu trabalho, então fá-lo.
Como é que o apelido “O Fotógrafo Zen” surgiu?
Foi-me dado pela Leica. O título da entrevista que me fizeram foi “O Fotógrafo Zen” e a expressão pegou. Fiquei muito lisonjeado quando deram esse nome à entrevista. Eu aspiro a uma prática Zen e a um estado de espírito Zen, além do facto da meditação e de filosofias ocidentais e orientais fazerem grande parte da minha vida.
Como é que se cria um estilo pessoal?
Há infinitas formas por onde escolher, fazer e expressar a tua voz. Para desenvolver um estilo pessoal, a forma mais simples de o colocar é “Um estilo pessoal aparece quando a imitação e a influência perecem”. Pessoalmente, encontrei finalmente o meu estilo quando esvaziei o copo, por assim dizer. Voltei a fotografar como fazia no 12º ano. Simplesmente brincava e esqueci-me de tudo à minha volta: as minhas ambições, o trabalho dos outros, a composição, a técnica, e comecei do início de novo. Literalmente peguei na câmara e fotografei como uma criança o faria com uma câmara descartável. Foi libertador, e quando comecei a olhar para o volume de trabalho que estava a produzir, encontrei elementos comuns, padrões, uma consistência. Era o meu estilo, o meu default.
De que forma é que ter limites, seja no equipamento ou no tema, é uma vantagem?
Eu vejo os limites como uma espécie de foco, de especialização. Dito de outra forma: quando pensamos num atleta, ele especializa-se, só pratica um desporto, e muitas vezes apenas uma posição nesse desporto. Em resultado, torna-se muito bom. O mesmo se aplica para todas as profissões. Não temas o homem que sabe 10 000 pontapés, teme o homem que sabe um pontapé e o praticou 10 000 vezes. Limitares-te a um elemento de equipamento ou género fotográfico força-te a focar. Como resultado, tornas-te muito bom nesse aspecto e, com o tempo, domina-lo.
Que conselho daria a alguém que esteja a começar na fotografia?
Todos os trabalhos têm os seus aspectos de rotina que ninguém quer fazer. É bom que saibas isto logo de inicio. O truque é encontrar um trabalho ou especialidade em que gostes de fazer esse trabalho de rotina. Se conseguires isso, adorarás o teu emprego, e não terás de trabalhar um só dia na vida. Encontra essa coisa que ninguém quer fazer, ou pelo menos não quer fazer continuadamente, mas que por alguma razão tu adoras. Se preencheres essa lacuna ou criares esse serviço, terás o sucesso assegurado.
Há alguma citação que te inspire particularmente?
“Só há dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro chama-se amanhã. Por isso hoje é o dia certo para amar, acreditar e, acima de tudo, viver” ~Dalai Lama
Podes saber mais sobre A.B Watson em http://www.abwatson.com
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